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Político e poeta, nasceu em
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Tomás Ribeiro
Tomás António Ribeiro Ferreira foi a ilustre personalidade escolhida para patrono do nosso agrupamento de escolas. Quem foi Tomás Ribeiro? A pergunta faz sempre sentido, incluindo para quem sabe a resposta. Espera-se que, sobre ele, as nossas crianças e jovens não se contentem em saber que nasceu no “remoto” séc. XIX, em 1 de julho de 1831, em Parada de Gonta, concelho de Tondela, e que a sua notoriedade literária não se confina ao poema “D. Jaime ou a Dominação de Castela”, mas também a “Delfina do Mal”, “Sons que passam”, “Vésperas”, “Dissonâncias” ou o “Mensageiro de Fez”, entre muitos outros.
O seu percurso profissional e político incluiu a conclusão do Curso de Direito em Coimbra, o exercício de advocacia, a presidência da Câmara de Tondela, a vice-presidência da Real Academia de Ciências de Lisboa, sucessivas nomeações como deputado pelo Partido Regenerador e elevação à dignidade de Par do Reino em 1882. Tomás Ribeiro também se notabilizou como dramaturgo, jornalista, historiador e diplomata.
O desempenho de cargos políticos foi praticamente ininterrupto: administrador do concelho do Sabugal, governador civil de Bragança e do Porto, secretário geral do Governo da Índia, diretor geral do Ministério da Justiça, presidente da Junta de Crédito Público, vogal do Tribunal de Contas, Ministro da Marinha e Ultramar, Ministro dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça, interino, Ministro do Reino, Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, Ministro junto do Governo brasileiro.
Tomás Ribeiro teve um papel determinante na abertura da linha férrea que ligava Santa Comba Dão a Viseu (atualmente removida) e que passava próximo da sua aldeia natal, Parada de Gonta. A linha foi inaugurada em 1890, numa altura em que Tomás Ribeiro era Ministro no governo de Fontes Pereira de Melo. Enquanto deputado, coube-lhe apresentar o parecer da Comissão de Legislação sobre a proposta de lei da liberdade de imprensa.
No campo artístico, salienta-se a sua ampla carreira literária, a amizade pessoal com Camilo de Castelo Branco, Feliciano de Castilho e António Augusto Teixeira de Vasconcelos. A sua genealogia é particularmente pródiga em nomes ilustres nas mais diversas áreas do mundo artístico. Poucas pessoas saberão que a expressão popular "jardim à beira-mar plantado", significando Portugal, se deve a este poeta tondelense, encontrando-se no poema "D. Jaime".
Tomás Ribeiro faleceu em 6 de fevereiro de 1901, deixando-nos o legado da sua vasta obra material e intelectual. Nesta perspetiva, desejamos que os jovens possam continuar a interrogar-se sobre tão estimada herança. E que saibam responder.
Ligações
Estrofes de "D. Jaime" onde surge a expressão que se popularizou
Meu Portugal, meu berço de inocente,
lisa estrada que andei débil infante,
variado jardim do adolescente,
meu laranjal em flor sempre odorante,
minha tarde de amor, meu dia ardente,
minha noite de estrelas rutilante,
meu vergado pomar dum rico outono,
sê meu berço final no último sono!
Costumei-me a saber os teus segredos
desde que soube amar; e amei-os tanto!...
Sonhava as noites de teus dias ledos
afogado de enlevo, em riso e em pranto.
Quis dar-te hinos de amor, débeis os dedos
não sabiam soltar da lira o canto,
mas amar-te o esplendor de imenso brilho...
eu tinha um coração, e era teu filho!
Jardim da Europa à beira-mar plantado
de loiros e de acácias olorosas;
de fontes e de arroios serpeado,
rasgado por torrentes alterosas,
onde num cerro erguido e requeimado
se casam em festões jasmins e rosas,
balsa virente de eternal magia
onde as aves gorgeiam noite e dia.
